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Auditório do Cesul lotado para palestra de juiz venezuelano

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Quinta-feira, 8, o Auditório do Cesul – Centro Sulamericano de Ensino Superior – recebeu ótimo público para prestigiar a palestra do juiz de Direito venezuelano, dr. Oswaldo José Ponce Perez. “De magistrado a refugiado” foi o tema abordado no encerramento da 16ª edição do Epic (Encontro de Produção e Iniciação Científica).
Doutor Oswaldo foi juiz federal em Caracas, Venezuela, tendo se refugiado no Brasil, em Boa Vista (Roraima). Após viver como artista de rua, hoje trabalha de forma voluntária como conciliador na Vara Itinerante de Boa Vista. Ele precisou deixar toda sua carreira e vida no seu país devido a perseguições políticas e diversas ameaças, sendo o estopim o momento que mataram seu filho mais velho, em uma emboscada. “O poder executivo começou a intervir, queriam afastar os princípios legais, prender famílias para se apossar de suas terras, pois são ricas em minérios. A ideia era desapropriar ilegalmente, com armadilhas. E me pressionavam para assinar. Mas isso era contra meus princípios, não aceitei e começaram a me perseguir”, contou.
Ele disse que foram vários tipos de perseguições para atingi-lo. “Começaram me atacando através da instituição, mas sempre fui correto e não encontraram nada. Depois através dos meus bens, mas tudo era declarado e adquirido por mim ou algumas heranças. Queriam tomar minhas terras, mas não conseguiram. Depois vieram com processo militar e tentaram usar o poder político, também sem sucesso. Estava sendo atacado fortemente e me mantive firme. Foi aí que foram pelas vias de fato. Primeiro, interceptaram meus filhos nas estradas. Eu não tinha inimigo nas gangues e facções. Meus inimigos eram de colarinho branco. Sempre me ameaçavam, mas graças a Deus a população me queria bem. Eu tinha apoio semelhante ao Sérgio Moro aqui no Brasil. Mas, então, veio o pior golpe. Em uma emboscada numa estrada, mataram meu filho mais velho. Tentei seguir em frente, não consegui. Tive que sair, mas saí com ideia de um dia voltar”.
O juiz descreve que não foi fácil ter de largar tudo. Saiu pela própria segurança dos demais familiares. Deixou uma vida de conforto em seu país para recomeçar no Brasil. “Tive que mudar toda a minha vida em função de um sistema errado e corrupto. Tive que me desfazer dos meus bens, queimaram meu carro. Vendi minhas coisas por preços bem abaixo do que valiam. E como nossa moeda estava desvalorizada, estava com pouco dinheiro. Viemos para o Brasil. No começo trabalhei limpando para-brisas, depois vendendo sucos. Mas era muito difícil essa adaptação, essa mudança de vida, o tratamento como ser humano de como era e como estava. Comia farinha molhada com sal à noite. Arrumei um emprego, seguraram meus documentos, tinha um alojamento para ficar. Quando fui receber, falaram que o trabalho era em troca do aluguel. Era trabalho escravo, denunciei. Meu outro filho também se desmotivou, não queria mais estudar. Foi tudo muito duro”.
Dr. Oswaldo comentou que foi através do dom da música que a vida começou a mudar um pouco no Brasil. “Eu trouxe comigo minha harpa e meu violão. Comecei a trabalhar como artista de rua, fiz uma tentativa. Não era fácil, mas aos poucos foi dando certo. Foi abrindo portas, e eu tendo oportunidades. Um dia fui na Universidade Federal de Roraima apresentar. Lá, fui entrevistado para uma TV de rede nacional, que me abriu muitas outras portas. Hoje tenho meu diploma de Direito validado por uma Universidade Federal no Brasil e vou tentar exame da OAB para conseguir atuar como advogado. Sou grato ao Brasil por ter me acolhido. Mas não esqueço minha terra. E há muitos assim como eu, trabalhando nas ruas do Brasil. Profissionais de todas as áreas. Nós estamos conversando, mantendo contato e nos organizando. Um dia vamos voltar e tomar nosso país. E será com sangue e armas”.

Avaliação positiva

O público participou atentamente à palestra. Ao final, vários questionamentos foram respondidos pelo juiz venezuelano. Rafael Bahr, responsável por contatar o palestrante, enfatizou o alto nível do evento. “A palestra superou as expectativas. Um relato esclarecedor e tivemos a oportunidade de fazer perguntas a quem vivenciou a ditadura de Chaves e Maduro. Ditadura que levou um país tão rico quanto o Brasil ao caos”.

O diretor do Cesul, Arni Deonildo Hall, refletiu: “um quadro preocupante sobre o a Venezuela, que nos leva a indagar: estaríamos seguindo para esse caminho?”.

A diretora da faculdade de Direito Francisco Beltrão, Daniela Urio Mujahed, destacou a importância de trazer temas relevantes e atuais para nossos acadêmicos  e a toda a comunidade a fim de refletirem sobre causas e efeitos das graves situações que passa o povo vítima de intolerância política, além de interferência de outros países com interesses econômicos para desagregar uma sociedade, criar conflitos e dificuldades socioeconômicas e políticas, forçando a emigração em busca de sobrevivência, como exemplo do ex juiz Oswaldo. O magistrado mostrou, na prática, como ocorreu a dominação da mente dos Venezuelanos. Ele é prova viva da dominação por ideologias.
O acadêmico Bruno Briskievicz, do 2º período de Administração, gostou da palestra. “Foi muito boa. Poder ouvir de uma pessoa que tinha tudo na Venezuela e teve de sair fugido para não ser morto por causa de perseguição política. E está de cabeça erguida. Pela fala dele, me fez refletir que temos que dar mais valor ao nosso país e lutar mais pelos nossos direitos”.

Data: 2018-11-12      Fonte: Assessoria
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