Empresária beltronense há anos assumiu cargos de destaque em grandes empresas brasileiras e hoje está estabelecida em Florianópolis.

JdeB – Rosangela Sutil, vice-presidente financeira do Portobello Grupo*, de Florianópolis, foi uma das palestrantes da Semana Acadêmica Integrada do Cesul, realizada de 23 a 25 deste mês, com o tema “Estratégias que conquistam, tecnologias que transformam”. Co-autora do livro “Mulheres nas finanças” (Editora Líder), Rosangela também é co-fundadora e uma das instrutoras da Associação W-CFO Brazil, criada em São Paulo no período da pandemia de 2020 com o objetivo de dar apoio mútuo e incentivar outras mulheres na carreira de executivo.
A indicação de Rosangela veio do professor Nézio da Silva. Ele a conhecia desde que foram colegas de trabalho nos anos 90, no Sebrae de Francisco Beltrão. Ela também aproveitou para rever sua cidade natal. Filha de Eugênia e Dercino Sutil de Oliveira, família de sete irmãos, Rosangela cursou o segundo grau no Mário de Andrade e depois Ciências Contábeis em Pato Branco. Sempre muito ativa, também se destacou em concursos beltronenses de beleza. Foi uma das candidatas do Miss Beltrão em 1990 (aquele vencido por Nádia Bonatto) e eleita Rainha do Carnaval do Marrecas Clube de 1991.
Após a palestra no Cesul, Rosangela concedeu ao Jornal de Beltrão a entrevista que segue.
Qual a mensagem que a senhora trouxe para os acadêmicos, demais estudantes e empresários de Francisco Beltrão e região?
Rosângela – Eu abordei a inovação num aspecto de olhar pra governança corporativa que gera valor ao negócio, um pouco de cenários macroeconômicos, a importância de acompanhar economistas renomados pra ajudar a aportar informações de mercado pra tomada de decisão, seja de investimento no próprio negócio, seja de expansões, ou até quando se olha pra captação financeira pra buscar os investidores no negócio, ou buscar alternativa de estruturas financeiras junto aos bancos e fundos de investimentos. Falei um pouco também sobre empoderamento da liderança, a importância de ter pessoas liderando a sua vida, a sua carreira de forma empoderada, mas também liderando os negócios, liderando as empresas, independente da atividade, do nível em que se encontre, mas de ter essa agenda muito forte de entender o seu papel e a sua responsabilidade na evolução do dia a dia da vida e dos negócios.
A senhora tem papel de destaque numa empresa que incentiva a participação das mulheres na parte gerencial e financeira. Para mulheres que também querem chegar a esse nível, o que vale mais: o instinto natural ou as informações que a pessoa recebe pra assumir uma função dessas?
Rosangela – Eu acho que é um conjunto, mas principalmente o que a pessoa busca de informações, como a pessoa se desenvolve, como a pessoa utiliza as informações que ela recebe ou busca. Eu até comentei, ontem, com a turma, que informação hoje é muito disponível, muito mais do que era na nossa época. Então, a nossa capacidade de selecionar o que é que vai agregar nas nossas decisões de evolução de vida, de carreira, para onde eu quero ir, o que é que eu preciso me desenvolver, o que eu já tenho de muito bom e que eu posso impulsionar mais e aonde eu tenho pontos a desenvolver, sejam técnicos ou sejam comportamentais. Na Portobello Grupo, onde eu trabalho, a gente de fato tem… Eu sou a primeira mulher executiva na companhia, de 45 anos de história, começou em Santa Catarina, uma empresa grande com mais de 4.500 funcionários, faturamento de mais de R$ 3 bilhões, já com exportação pra mais de 60 países, que tem fábrica também no Nordeste e nos Estados Unidos e aproximadamente 150 lojas da Portobello Shopping. Hoje, no que nós chamamos a alta gestão da companhia, já somos duas mulheres executivas e temos um executivo, então já somos mais de 60%. A Portobello até recentemente recebeu mais um índice da B3, que é onde nós temos ações na bolsa, então recebemos o índice do Idiversa, por ser uma companhia que foca bastante em diversidade. A gente tem projeto de desenvolvimento de liderança na fábrica. Eu ajudo liderar esse projeto pra garantir, porque na fábrica geralmente são homens que tão lá no processo produtivo, e aí raramente se tem mulher assumindo posição de liderança, naturalmente. As poucas mulheres que estão lá, nós fazemos com elas trabalho de desenvolvimento, de mentoria, de treinamento, pra que pelo menos algumas despontem e possam também assumir essas posições de liderança.
Sua palestra citou 15% de participação das mulheres, que índice é esse?
Rosangela – Quando a gente olha as pesquisas no Brasil, realizadas por empresas especializadas, em nível de alta liderança, percebe-se para a diretoria financeira de 13 a 15% de mulheres em posições de diretoria financeira ou CEO, C-level. Quando nós olhamos pra posições de presidência de CEO, isso cai pra aproximadamente 6% de mulheres em posições de CEO ainda no Brasil, ou seja, e quando olha para posições de conselho de administração, board member, esse número também está em torno de 12%, segundo as pesquisas. Ou seja, a gente tem bastante espaço pra crescer, por isso o trabalho de disseminação do trabalho de mulheres pra aumentar a diversidade. A gente acredita muito que ajuda no empoderamento e de perceber que de uma forma ou de outra somos capazes e fazemos bem-feito.
Esse convite foi também uma oportunidade de voltar para sua terra. Gostou de ter voltado a Beltrão?
Rosangela – Eu adorei, fiquei superfeliz com o convite do Nézio. Cresci no Bairro Cristo Rei, São Miguel, então foi uma forma bem carinhosa, aconchegante de voltar pra minha cidade, com a oportunidade de participar deste evento organizado no Cesul, tanto pros estudantes quanto pra empresários aqui da região, contando um pouco da minha história, da minha forma de pensar, da forma como eu evoluí, como construí de uma forma consistente e contínua a minha carreira e como contribuo tanto no meio de diversidade, com o desenvolvimento de outras mulheres e na companhia.
*O Portobello Grupo (PBG S.A.) é líder na indústria de revestimentos cerâmicos no Brasil, além de abastecer o mercado internacional, atendendo a 75 países. Suas operações incluem duas fábricas no Brasil e uma recém-lançada nos Estados Unidos, 25 lojas próprias, 133 franquias, duas unidades da Officina Portobello e nove Centros de Distribuição – sete no Brasil e dois nos EUA. Sediado em Tijucas, Santa Catarina, tem capacidade para produzir 45 milhões de m² de revestimentos cerâmicos anualmente somente no Brasil. Com uma atuação consolidada no segmento do varejo e, avançando na condição de empresa global, adota uma abordagem centrada no cliente e no design, que considera a gestão dos impactos e a geração de valor para os demais públicos de relacionamento.